Penso no meu futuro morto, que cresceu
dentro de mim por tantos anos, comigo,
e hoje espera paciente pela minha despedida,
enquanto faço tudo para animá-lo a viver
(dos vivos os esqueletos ocultos são como
marionetes) e verticalizo na manhã teatral
sua pretensão inata à horizontalidade
sem remorso, reumatismo ou drama,
e a ele empresto meus cinco sentidos
com a vibração o menos remota possível
do beijo que recebo, do amor que sinto.
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