fiquei olhando
as sombras não, mas a memória delas
J. de Sena
À sombra deste avião, contemplando
o instante que passou vazio
e não está nem aí;
onde era véu e agora só há
nudez de calçada esquecida;
o ex-barulho e a algaravia familiar
das aves não, mas dos demais pastores
de aflição, na festa, no baile;
o nenhum vestígio, a sequer suspeita,
o susto algum, o inexistido
daquilo que – eu sei – existiu;
e o bem que fez, puxa vida!
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